Ao longo do tempo, para facilitar as implantações de sistemas de gestão, dividi o público interno em três grupos: “chão–de–fábrica”, “média gerência” e “direção”. Estas definições não são exclusivas para fábrica. Foram adotadas para diversos tipos de organização, independentemente do resultado do processo.
Chão-de-Fábrica
Chão–de–fábrica se refere ao pessoal exclusivamente operacional. Qual o objetivo? Definir aqueles que atuam sem ações de gestão, mas, que possuem a inteligência dos processos. Sabem o que dá certo e o que dá errado. O que se pode e o que não se pode fazer. Qual seu diferencial? São predominantemente operacionais! Como não tem cargos de gestão pouco ou nada influenciam na gestão, mas dominam como ninguém a operação. Em geral, uma vez qualificados e treinados, acatam integralmente o sistema de gestão apresentado.
Direção
Direção se refere àqueles com objetivos estratégicos globais. Têm a visão ampla dos processos. É qualificado e entende plenamente a necessidade do sistema de gestão estruturado. Acatam plenamente o SG, desde que não lhes sejam atribuídas muitas tarefas operacionais.
Média Gerência
Inverti a ordem propositalmente porque o termo “média gerência” é um misto dos dois grupos anteriores, adicionado com pontos positivos e negativos, em função da política da empresa.
Média gerência se refere ao grupo de chefias intermediárias que, por possuírem um domínio sobre áreas e pessoal age, nos maus aspectos, como um senhor feudal. Minha área ninguém toca! Isto se dá em função de diversos fatores potenciais: a pouca formação, a insegurança psicológica ou oriunda da própria empresa, etc. Nos bons aspectos a média gerência está segura de sua posição e entende que sua área é uma peça de uma engrenagem maior e precisa se integrar. Precisa dos resultados do processo anterior como insumo e tem que fornecer bons produtos para o processo subsequente.
Eminência Parda
Conhecidos os jogadores precisamos conhecer um coringa, que pode estar em qualquer um dos grupos, ou em todos.
Uma éminence grise (francês para "eminência parda") é um poderoso assessor ou conselheiro que atua "nos bastidores" ou na qualidade não-pública ou não-oficial.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Eminência_parda
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Encontrei eminências pardas de todos os tipos em diversas áreas. Quero ressaltar que existe eminência parda do bem, aquela que efetivamente atua com competência para proteger a organização. Existe a eminência parda ingênua, aquela a quem, em geral, por falta de conhecimento ou visão global, pensando estar fazendo o bem bloqueia qualquer mudança. “senta em cima” de seu processo e se recusa a aventar a possibilidade de mudança e, por fim, obviamente, existe a “eminência parda do mal”, aquela que não se importa com a empresa. Coloca seus interesses em primeiro plano. Faz intriga, ressalta informações de forma seletiva, omitindo informações relevantes que, ao seu ver, lhe afetem negativamente e ressalta informações que afetem seus negativamente oponentes.
Quem é Eminência Parda?
Alguns dos exemplos de eminência parda mais comuns são parentes, colegas de faculdade, funcionários antigos.
Os parentes exercem um poder virtual nos colegas e subordinados. Nem sempre se sabe o efeito de suas palavras nos seus superiores, mas, na dúvida, é melhor não se arriscar.
Os colegas de faculdade usam a intimidade que tiveram no passado para usá-la no presente. Pela similaridade de formação a direção tende a ouvi-lo como uma opinião de peso.
Os funcionários antigos têm um papel importante por serem os portadores da cultura da empresa. O que se faz de bom ou ruim é transmitido através dos tempos (veja a experiência dos cinco macacos no Google). Dentre estes é comum estar a chefia efetiva. Chefia efetiva é aquela que, embora exista um chefe nominal, comanda a área.
Como Então Implantar um Sistema de Gestão?
Os responsáveis pela implantação dos sistemas de gestão devem identificar os personagens, enquadrá-los em cada uma das classificações acima ou novas classificações e, por fim, tratar cada um a seu modo. Ouvir muito o chão-de-fábrica, não ameaçar a média gerência, manter a alta direção bem informada e, ser seletivo com suas atividades operacionais. Quanto às eminências pardas, após identificá-las, devem detalhar os benefícios para a organização, o que e como, para os “do bem” e os “ingênuos” e, para os “do mal” detalhar os benefícios que eles terão ao adotar as práticas do sistema de gestão.
As chefias devem identificar as eminências pardas e gerenciá-las: eliminar suas influências negativas, filtrar suas opiniões e, principalmente, não as utilizar como única fonte de informação.
Você já identificou eminências pardas? Como lidou com elas? Participe.